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Festival Umundu Lx 2020 fomentou debate urgente sobre a transformação sustentável

O Festival Umundu Lx 2020 decorreu, de 9 a 17 de outubro, em vários espaços, na sua maioria cedidos gratuitamente, em Lisboa e Algés, e também online. Logo o lançamento do Festival Umundu Lx 2020, no auditório da Escola Secundária Pedro Nunes, deu o mote para todo o festival. Perante mais de 70 espetadores, a estreia portuguesa do documentário “Chasing Ice” seguiu-se à apresentação do festival e da necessidade urgente da sua existência. O filme revela a experiência de James Balog, fotógrafo da revista National Geographic, que na primavera de 2005 visita o ártico onde, durante os anos seguintes, recolhe provas irrefutáveis da rápida transformação planetária, desenvolvendo e utilizando equipamento fotográfico capaz de aguentar as condições meteorológicas locais extremas para captar imagens sequenciais de mudanças tanto  espetaculares como assustadoras.    

A seguir, o fim-de semana “UmundUrbano” foi dedicado à sustentabilidade em contexto urbano (10 e 11 de outubro), com a realização de debates, palestras, exposições, lançamento de livro, filmes, oficinas e workshops. A Semana Umundu (12 a 16 de outubro) deu continuidade à exploração do tema da transformação sustentável da sociedade no contexto das alterações climáticas, da perda da biodiversidade e dos limites biofísicos do planeta.

O festival terminou com o MercadUmundu no Jardim do Príncipe Real, no dia 17 de outubro, onde 32 expositores apresentaram projetos individuais e coletivos de produção ecológica e de comércio justo. Não foi apenas um momento para conhecer produtos mais  amigos do Planeta, mas sobretudo para a partilha de informações e para conhecer iniciativas que estão a promover a transformação de hábitos de alimentação, de consumo, de utilização da energia e da água, de produção e de resiliência perante as alterações climáticas.

O Festival Umundu Lx 2020 – Festival para a Transformação Sustentável foi organizado por um coletivo de mais de 20 voluntários  e fruto de um trabalho de 12 meses, tendo sido inteiramente financiado por um processo de  crowdfunding.

Apesar das condições desfavoráveis para a realização do festival, no contexto da pandemia de covid-19, foi possível contar com a participação de centenas de pessoas em 103 eventos, dos quais 58 presenciais, 37 online e 8 híbridos (presenciais + online), promovidos por mais de 100 organizações, com uma média de 30 pessoas por evento.

Durante todo o evento esteve sempre presente a mensagem de mudança urgente do nosso estilo de vida baseada no crescimento infinito da exploração dos recursos do planeta, dos povos do Sul global e dos habitantes das periferias do Norte global, acompanhada da produção de montanhas de resíduos e emissão de gases com efeito de estufa.

Percebermos que há caminhos que podemos e devemos seguir para repensar e redesenhar as sociedades em que vivemos para serem mais resilientes perante as mudanças climáticas e todos os problemas ambientais, sociais e económicos. Além disso, no decorrer do festival, as iniciativas das organizações promotoras mostraram que pode ser possível que as sociedades passem a ter um papel regenerador da natureza.

Assim, o Festival Umundu Lx 2020 permitiu dar o pontapé de saída para um debate urgente e a criação de redes, promovendo a discussão sobre a temática da transformação sustentável e os caminhos para lá chegar. Vamos dar continuidade ao trabalho desenvolvido:

A edição 2021 do Festival Umundu Lx já está a ser pensada e vai acontecer durante o próximo ano. Teremos novidades em breve… 

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Festival Umundu Lx 2020 arrancou no fim de semana em Lisboa e online

Hans Eickhoff introduzindo a temática do festival

O Festival Umundu Lx 2020 foi lançado na última sexta-feira, dia 9 de outubro, na Escola Secundária Pedro Nunes. O festival foi apresentado pelo co-fundador do Umundu, Patrick Ribeiro.  O projeto teve início há mais de dez anos em Dresden, na Alemanha. Esta é a primeira edição de Lisboa, que começou a ser montada há um ano a partir de uma sessão de Kickoff, no Impact Hub, em setembro de 2019. De lá para cá outras pessoas ingressaram e, assim, compôs-se uma equipa de 35 voluntários.

O Festival Umundu surgiu como resposta à necessidade de criar uma plataforma com a presença de diferentes ativistas e pensadores para a partilha de ideias, debate e convergência de sinergias de projetos e, portanto, para tornar visíveis os problemas da cidade e da sociedade onde se insere. “Há iniciativas em Lisboa, mas estas iniciativas estão escondidas, sem visibilidade na cidade e ainda são poucas”, disse Patrick. Para ele, o que falta é juntar as pessoas. “O festival nasceu desta ideia de juntar pessoas”, revelou.

No momento inicial do lançamento, a artista Ana Pêgo apresentou o seu projeto chamado “Platicus Maritimus”: quatro animações realizadas durante a quarentena que tratam da presença de plástico nos mares e oceanos. As animações são “Temporal nocturno”, “Liberdade é um mergulho no ar”, “Terra”, “Creature from the deep ocean” e “Mar de plástico”.

Hans Eickhoff, membro da equipa organizadora do Festival Umundu, lembrou os motivos para a realização do festival. Uma das questões importantes é que as oportunidades de nos desviarmos da atual trajetória de colapso socioambiental são cada vez mais diminutas, seguindo as previsões do relatório “Limites do Crescimento”, lançado há mais de 50 anos, que aborda o crescimento populacional, a produção agrícola e industrial, a poluição e o consumo de recursos não-renováveis no mundo. O aumento das taxas de concentração de CO₂, a elevação das temperaturas médias globais, provocando o derretimento das calotas polares; e os fenómenos da natureza, como furacões, tempestades e tsunamis são cada vez mais frequentes.

A humanidade utiliza anualmente mais recursos do que o planeta é capaz de regenerar, segundo o conceito de pegada ecológica, desenvolvido em 1990. Sobre o crescimento populacional, a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que até 2050 a população mundial chegue a 9,7 bilhões de pessoas. Isso causará um impacto maior sob o déficit do planeta.

“Estamos a chegar aos pontos de viragem, que se podem tornar pontos de não retorno”, alertou Hans. Como podemos viver e sobreviver dentro dos limites do planeta finito sem o destruirmos?

O festival tem um objetivo comum: mudar o paradigma, tornando-o mais sustentável, e provocar discussões acerca das questões que permeiam a nossa vida da Terra.